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quarta-feira, 25 de setembro de 2019

POEMA À UM AMOR PERDIDO


Já se vai tão distante o nosso beijo e o abraço
Que selaram esta tão grande e eterna amizade
Duas almas gêmeas e tantas belas afinidades:
Sentimentos, convicções, fé, posturas na vida,
Parecíamos ser isentos de qualquer maldade

Nos primórdios dias de 1982, sorrimos juntos.
Os nossos corações ansiosos se encontraram
Carinhosas cartas e cartões, mimos trocados, 
Através de terras distantes por onde passavas
Belos países, longínquos continentes e mares

Era uma bela manhã radiante de sol, brisa, mar
Quando enfim tu viestes ver-me e me encontrar
Meu mundo alegrou-se, te vi tão elegante chegar
O braço dado à boa, querida, amável tia Palmira,
No meu lar materno que tão gentil me abrigava

Na minha "Praia Formosa”, em Cabedelo-Paraíba
Lembro "Baía Formosa”, luar, teu recanto de Paz,
A tia Beleza iluminando o nosso caminho a trilhar
E as estrelas cintilando na magia de te encontrar
Almas sinceras, amorosas, carinhosas a se amar

Um entardecer nos acolhia na branca areia macia
Deste tão lindo lugar. Na minha praia bonita, senti
Doce sabor do vento úmido pelas gotinhas do mar
Ao esvoaçar meus cabelos, o vento trazia as vozes
De crianças por entre ondas à brincar e me chamar

Enternecido sorrias, me olhavas, sentados à beira-mar
Ouvias crianças gritar, as infantís vozes se confundiam 
Ao som do bramido das ondas, doces sussurros do mar!
E sem ficarmos sós, eu lamentava meus alunos ali estar, 
Ecos à me dizerem: "Professora, perto de nós deves ficar”

“Vem para perto de mim, diziam as vozes assim”
Como em suaves lamentos, anteviam o meu sofrer
As belas ondas quebrando na areia morna à morrer
Gritavam:“Escuta o canto das aves, alegria aqui acaba,
Tal o triste Marulhar das vagas, grito febril da gaivota
e as brumas perdidas do mar”

Era uma noite tão mágica em nossa Baía Formosa
Os violões, seu, do primo Waldir, soavam as belas
Mágicas notas musicais, melodias alegres de Paz!
Estávamos tão felizes! Tudo tão lindo, encantador.
Eu cantei “La Bohème” e outras canções de amor

A vida tem seus mistérios que eu não sei explicar!
Vem com a força das águas, a correnteza dos rios,
E tristemente se vai para as profundezas do mar.
Muda percursos planejados ao amor e a felicidade
“E o riso transforma-se em pranto, tristeza demais"

As doces e saudosas lembranças ainda me chegam,
Junto a gratidão e o carinhos de todos ter recebido.
Mas chega também a dor por seguir caminho sofrido
A sensação ao perder-te chega ao meu pensamento,
Tristemente ví o belo sonho virar espumas ao vento

Assim nas brumas escuras da vida, tudo se perdeu
Águas muito turbulentas, inexplicáveis, esquecidas
Senti o nosso amor perdido, abandonado e trocado,
Por um amor mais recente que te atraiu e absorveu
No Rio. Um Cristo de braços abertos, sereno, só teu!

Trinta anos se passaram na trilha desse nosso viver
Segui meus caminhos diversos e opostos aos teus.
Imagens aqui me chegam de mansinho feito um filme
Vejo-me contigo, pés descalços pela praia a caminhar,
Gaivotas a gritar, dunas de areia, céu azul, o belo mar

Hoje lamento, aqui choro por tão belo amor perdido
Sofro!!! Soube que partiste deste mundo tão sofrido!
Já não viajas pelos mares ou continentes distantes 
Viajas pelo céu a te confundir às estrelas brilhantes,
Longínquas paisagens celestes e a lua como amante

Te amei e te senti nas cartas fraternas cheias de luz...
Corações sofridos, guiados pela Fé que nos conduz.
Ela aquece almas, nos dá a ética, bons sentimentos,
O “eu” contido nas fibras dos nobres pensamentos 
Corações amantes, não fizeram da vida um tormento

Que nas paragens longínquas do celeste azul do céu
Jesus e Maria, os guias e mestres nos possam ajudar
Fostes estrangeiro na terra e um bom marujo no mar
Agora és viajante das estrelas; eles, tu irás encontrar,
Que iluminem o caminho que ainda precisemos trilhar

Creio que a vida não termina pela passagem da morte 
Se a vida aqui é breve, talvez lá tenhamos mais sorte. 
O “Tempo” sempre é maior. Quem sabe, querido meu
Tenhamos bom merecimento de sob a luz das estrelas,
Lindos raios do luar, possamos nos encontrar em Deus.

Roseleide Santana de Farias
novembro de 2011 (dois meses depois de sua morte física)


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